A dor machuca a alma. Hoje, acordei sufocada com um pesadelo mal resolvido entre nós dois. Parecia tão real, que não pude conter as lágrimas. O vento frio, dentro do quarto, só deixou as minhas fraquezas a mostra. Meu corpo tremia demonstrando a tristeza da minha vida com sua ausência. Todos os dias de terapia e desejos de superação pareciam ter desaparecidos da minha mente. Cada lugar do meu quarto lembrava algum momento nosso. Especiais demais para merecer um simples esquecimento. Abracei-me ao meu urso de pelúcia rosa, que você tinha me dado.
A porta do quarto abriu e a claridade do mundo lá fora entrou no meu quarto. Passei as mãos no meu rosto para esconder as lágrimas. Ninguém precisava saber do meu momento de fragilidade e recaída. Recaída de um amor, que da mesma forma que me encheu a alma de amor. No fim, tornou pura amargura.
– Paulinha, me ajuda! – suplicou meu irmão – Porque você está nesse escuro¿
Senti um cheiro forte no ambiente. Fernando ligou a luz.
– Vou sair com a Amanda da minha sala. Estou cheiroso?
– Até demais! Que perfume é esse?
– Passei dois perfumes da minha mãe e o seu que estava no quarto dela.
– Oi¿ Você pirou¿ Você misturou todos os perfumes? – perguntei espantada. Meu irmão tem 17 anos, mas as atitudes o fazem parecer ter 12 anos.
– Misturei os três perfumes.
– Porque?
– Mulher é muito competitiva com outras mulheres. Quando a Amanda sentir o cheiro de muitas mulheres, ela vai ficar louca por mim. – ele falava com tanta seriedade – Vai pensar que várias mulheres me querem. Meu passe vai ficar valorizado.
Toda a tristeza tinha ido embora.